Motorista de aplicativo relembra momentos de medo em assalto durante corrida em Mogi das Cruzes — Foto: Reprodução/TV Diário
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Associação de Motoristas de Aplicativo do Alto Tietê afirma que crimes contra esses profissionais têm crescido na região.

Na madrugada da última quarta-feira (25), um motorista de transporte por aplicativo passou por momentos difíceis durante uma corrida em Mogi das Cruzes. Ele foi assaltado e agredido por um homem que se passou por passageiro.

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De acordo com a Associação de Motoristas de Aplicativo do Alto Tietê, o caso não é isolado e o número de crimes contra esses prestadores de serviço tem crescido na região.

A vítima, que preferiu não se identificar, conta que a tentativa de assalto aconteceu depois que uma mulher fez o pedido da viagem e, no local, disse que quem iria era um amigo. O percurso seria da região central da cidade até a Vila Natal.

“Faltando 500 metros para essa pessoa descer do meu veículo, ela mandou eu parar o carro e anunciou o assalto, com uma faca. Ele pressionava a faca nas minhas costas. Nesse momento, eu já tirei o sinto de segurança na hora. Consegui tirar o sinto de segurança”, comenta.

“Pra me defender, eu fui na mão dele, segurar a faca. Eu consegui segurar na mão dele, só que a faca batia na minhas mãos, entendeu? Eu sentia que tava cortando minhas mãos. Aí, como eu segurei as mãos dele, eu pulei para o banco de trás”, relembra o motorista.

As marcas ainda estão por todo o corpo. Foram 25 minutos de luta corporal para tentar se proteger. Ele relata que chegou a perder as forças e achou que o suspeito poderia fazer o pior.

“Quando abriu a porta, ele já agarrou na borracha do carro. A borracha entrou inteirinha na mão dele. Aí, como se fosse uma forca, ele jogou no meu pescoço. Eu, no chute, consegui jogar ele pra fora. Só que quando joguei ele pra fora, ele já segurou pelos meus pés e me puxou também”.

“Teve uma hora que eu lembro que ele acertou um murro no meu queixo. Eu fiquei meio atordoado. Ele conseguiu me derrubar no chão. Só que, quando eu caí, eu bati a cabeça na guia. Aí eu fiquei quase desacordado. Eu percebi que ele enfiou a mão no meu bolso e eu não tinha mais força, porque estava todo ensaguentado e minha cabeça rodava”, diz o motorista.

“Eu não tinha mais força. Não tinha mais o que fazer. Ele se afastou e ele olhava muito para o chão. Eu pensava assim, como eu estava meio tonto, eu pensava que ele estava procurando alguma pedra ou alguma coisa pra tacar na minha cabeça”.

Durante os momentos de tensão, o profissional avistou um guarda noturno e conseguiu pedir por ajuda. O homem acionou a polícia e o suspeito acabou sendo preso.


“Passou um guarda noturno. Quando eu vi que era um guarda noturno, eu dei com a mão. O guarda noturno parou e eu falei: ‘ele está me roubando e me bateu muito’. Foi o tempo que o guarda noturno dirigia a moto com uma mão e com a outra mão ele acionou o telefone e conseguiu falar com a polícia”.

O motorista agora convive com o medo. As cicatrizes daquele dia, no corpo e na memória, continuam. “Eu não aguento dar dez passos que parece que está tudo saindo pra fora de novo. Eu passo o dia inteiro deitado. Se eu pudesse, tivesse uma oportunidade, não ia voltar mais”.

Em nota, a 99 informou que lamenta o ato de violência contra o motorista. Disse também que a empresa está disponível para colaborar com a polícia para que o caso seja esclarecido e o responsável punido. Destacou que o perfil da passageira foi banido e uma equipe foi mobilizada para oferecer apoio e orientações para acionamento de seguro.

Não foi um caso isolado

De acordo com Maicon Cristian Flores da Silva, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Alto Tietê, não existe um balanço de números de casos de assalto deste tipo na região. No entanto, segundo os profissionais da área, houve aumento.

“Temos acompanhado nos grupos esse aumento, essa demanda. Aumentou os furtos, roubos e também esses tipos de sequestros em que, muitas vezes, o motorista é colocado no porta-malas. Os ladrões fazem assaltos com o veículo, junto com o motorista no porta-malas”, explica o presidente.

Ainda segundo Maicon, existem grupos de comunicação entre os motoristas e projetos para que os profissionais possam se sentir mais seguros durante o trabalho.

“Nós temos solicitado a todos os motoristas que estão nesses grupo de interação, principalmente nesses de monitoramento, para que tenham uma comunicação maior, mais frequente do que antes, para que a gente tenha, ali naquele momento, como acionar a segurança. A gente tentar entender aquela condição que o motorista está passando”, conclui.

Fonte G1

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