Segundo moradores do bairro Altos de Itaquá, problema ocorre há mais de 20 anos e nunca foi solucionado pela Sabesp.
A falta de água é um problema frequente para quem mora no bairro Altos de Itaquá, em Itaquaquecetuba. Segundo moradores, há mais de 20 anos o serviço é intermitente e, em boa parte dos dias, as torneiras estão secas.
Para minimizar os impactos da falta do serviço, eles chegam a andar por um quilômetro para pegar água em uma bica, localizada em um bairro vizinho. Mesmo assim, as contas continuam chegando e eles se sentem indignados.
A dona de casa Almerinda Lopes de França, de 62 anos, sempre manteve o hábito de regar as plantas no quintal. Mas, ultimamente, ela mal tem tido água para beber ou tomar banho. Realidade dela e de quem mora na Rua Vitor Meireles. Por lá, a água é raridade.
“As vezes, fica três, quatro dias sem água. Entendeu? É horrível. Eu prefiro ficar sem luz do que sem água, viu? Teve vez, meu filho mesmo: não teve água, não toma banho. Quando tem, a gente toma de canequinha”, comenta a moradora.
A Maria Aparecida Lopes mora na mesma rua, apenas duas casas à frente, e passa pelos mesmos problemas. A dona de casa conta que há pelo menos 20 anos os moradores sofrem com o abastecimento intermitente.
Às vezes tem água, às vezes não. Porém, a situação piorou durante a pandemia. “Agora tá pior. Aí quando a conta de água vem, se você não pagar, vêm e cortam”, diz a moradora, que afirma pagar R$ 80 na conta de água mensalmente.
A vida da professora universitária Talita Dias também tem sido um sufoco. Ela mora em uma casa com sete pessoas, o que torna o problema ainda maior. Indignada, ela mostra o valor da conta. Em agosto, mesmo com as torneiras vazias durante boa parte do mês, ela pagou R$ 450. A suspeita é de que o hidrômetro esteja quebrado e registrando o ar em vez da água.
“Provavelmente é por causa disso. Eles têm que vir aqui e atestar, porque às vezes o relógio roda. Fica rodando, mas sem água. Eles já chegaram a trocar relógio aqui, não a pedido nosso. Eles vieram, trocaram o relógio, e a conta vem nesse valor. Nós temos até bastante pessoas na casa, só que não é o suficiente pelo tanto tempo que a gente fica sem água vir esse valor”, diz.
Ela conta que a família já procurou a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) várias vezes, mas que até relatar a situação por telefone é um verdadeiro sacrifício.
“Isso acontece quase sempre de a gente ligar, já ser secretária eletrônica. Eles falarem que é uma manutenção. Às vezes, a gente liga e eles desligam na nossa cara. Enquanto a gente tá contando o problema, volta pra secretária eletrônica, né, para a operadora. Então a gente muitas vezes se sente extremamente desrespeitado, inclusive pela forma que eles nos tratam por telefone”, desabafa.
A Talita ainda conta que, nas raras ocasiões em que a Sabesp envia funcionários ao local, a resposta é desestimulante.
“Quando eles aparecem é justamente para dizer isso: ‘não tem solução. Nós estamos aqui só pra testar e mandar um relatório pra Sabesp’. Então é só isso. Eles vêm, atestam que não tem água ou que tem pouca pressão e eles falam que vão mandar esse relatório pra Sabesp. Só isso que a gente tem de resposta”, diz.
Por causa da falta de água, os moradores têm que andar cerca de um quilômetro e meio para buscar água em uma bica, que fica na rua de um bairro vizinho. No trajeto de ida e volta são quase três quilômetros. A maioria faz como o Wendel de Oliveira, que foi de carro e levou um balde para encher de água.
“É difícil chegar em casa que nem num dia trabalhado, você vai tomar um banho e não tem água na caixa. Tem que vir pegar água na bica antes de tomar um banho. De manhã, se quiser fazer um café, tem que vir buscar água na bica. É um transtorno. Para quem tem criança pequena ou pessoas de idade em casa, fica bem difícil”, conclui o morador.
Em nota, a Sabesp disse que o abastecimento na região está regular e vai encaminhar uma equipe pra verificar a situação. Com relação aos hidrômetros, a companhia disse que mantém o programa de troca e adequação dos equipamentos, dentro de critérios técnicos, para tentar garantir a exatidão na medição.
O morador pode pedir a aferição do equipamento pelos telefones 195 e 0800 011 9911.