Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá e Santa Isabel já comunicaram a decisão. Nenhuma cidade retomou aulas presenciais; as outras fazem avaliação mensal dos casos de Covid-19 para tomar uma decisão.
O Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) tem conversado com os municípios sobre o retorno das aulas presenciais. No entanto, destaca que é preciso respeitar o perfil de cada cidade.
O governo de São Paulo decidiu pela volta às aulas presenciais no estado para esta quarta-feira (7) para toda a rede de ensino, da educação infantil ao ensino superior nas redes públicas e privadas, desde que os prefeitos liberem o retorno das atividades.
Nesta terça-feira (6), o secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, informou que a rede estadual vai trabalhar os anos letivos de 2020 e 2021 como um ciclo único de ensino.
Arujá, por exemplo, divulgou a decisão de retomar aulas presenciais apenas em 2021 no começo de setembro. De acordo com a Prefeitura, a medida vale nas escolas municipais, estaduais e particulares.
Pesquisas
No Alto Tietê várias prefeituras consultaram pais de alunos da rede municipal sobre o retorno das aulas presenciais. Em Arujá, 93,1% das pessoas que votaram não concordaram com a retomada das aulas em 2020.
Já em Guararema, 84% das pessoas se manifestaram contra, mesmo com a possibilidade legal e as condições sanitárias necessárias.
A consulta em Mogi das Cruzes resultou em 89% dos participantes sendo contrários ao retorno das atividades presenciais e o mesmo percentual não levaria o filho para escola no caso de um possível retorno.
Em Salesópolis, 78% dos pais de alunos do ensino infantil responderam que não levariam seus filhos para a escola. Em relação aos pais do ensino fundamental que deram a mesma resposta, eles foram 75%.
E em Santa Isabel 93,8% dos que votaram são contra a retomada das aulas presenciais. A pesquisa, ainda apontou que 93,6% dos pais não levariam seus filhos para a escola.
Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Poátambém fizeram consultas em agosto.
Já Suzano informou que não realizou consulta pública pela internet , por se tratar de uma questão técnica de saúde e que a rede municipal de educação deve retomar as aulas presenciais quando houver segurança para alunos, professores e funcionários, com base em dados técnicos fornecidos pelas autoridades de saúde.
Salesópolis não respondeu aos questionamentos do G1.
Diálogo
O coordenador da câmara técnica do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) e também secretário de Educação de Suzano, Leandro Bassini, afirma que o Condemat tem conversado com as prefeituras sobre o retorno das aulas presenciais.
De acordo com Bassini, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes estão com as aulas suspensas até 6 de novembro, Guararema tem aulas suspensas por tempo indeterminado, Salesópolis até 5 novembro e Suzano até 31 de outubro. Ele completa que esses municípios fazem uma avaliação mensal da situação da pandemia para avaliar se existe condições do retorno das aulas presenciais.
O coordenador ressalta que é preciso respeitar o perfil de cada município por causa de especificidades. “Recebemos dados das secretarias de saúde, Vigilância Sanitária que junto com os dados do governo do Estado, do Plano São Paulo são a base maior das nossas decisões.”
Bassini avalia que são sempre levados em consideração os estudos que mostram qual o papel das crianças pequenas no retorno das atividades escolares, qual o risco de contágio que elas representam para quem está em casa e também o que a movimentação maior de pessoas pode gerar nas cidades.
“Nesse sentido se mantém ainda o cuidado para o retorno. Algumas cidades avaliarão o retorno só em 2021. Outras avaliam mês a mês o grau de segurança que existe dentro das pesquisas e a possibilidade de vacina ou não para o retorno das aulas. A gente conversa, mas respeita a especificidade de cada município.”
Bassini observa que o Condemat tem discutido com os municípios caminhos para a recuperação do conteúdo perdido em 2020. Ele aponta que na educação, assim como em outros setores, também existem desigualdades. “A maior parte da população tem internet, mas é sem bom poder para baixar tantos dados e limitada. Não tem condição de assistir aula gravada que exige mais dados. Perde nesse sentido de não poder ter a mesma condição de igualdade. Outros só têm material impresso.”
O coordenador destaca que o planejamento da educação para 2021 já deve ser feito e alerta que a recuperação de conteúdo de 2020 será trabalhada ao longo de dois anos. “É preciso fazer uma análise das competências essenciais que serão trabalhadas neste período, usando ferramentas como internet e ensino remoto. É algo que vai ficar presente para os próximos anos. Além das atividades dentro da escola, estarão disponíveis fora em outras plataformas, tablet, computador. Cada cidade se organiza dentro de suas condições para promover esses trabalhos de competências essenciais.”
Ele esclarece que cada ano tem competências essenciais que deviam ser adquiridas pelos alunos ao longo do ano. “Por exemplo, no primeiro ano do fundamental I, reconhecer letras, sílabas e palavras. Porque no segundo ano precisa produzir textos. Na matemática ter domínio dos números, algarismos e primeiras operações, são exemplo.”
Confira a situação de cada município do Alto Tietê
- Arujá
A Prefeitura de Arujá informou que as aulas presenciais na cidade foram suspensas no dia 19 de março e serão retomadas em 2021. Na cidade foram autorizados, inclusive na rede municipal, os atendimentos pontuais que não configuram aulas presenciais para turmas.
Segundo a Prefeitura, Arujá tem 40 escolas municipais que atendem 10.040 alunos.
- Biritiba Mirim
A Prefeitura informou que as aulas não presenciais estão suspensas desde 20 de março. Segundo a Prefeitura, ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais.
- Ferraz de Vasconcelos
A Prefeitura informou que um decreto municipal de 30 de setembro determinou que as aulas presenciais estão suspensas na cidade até o final de 2020.
- Guararema
A Prefeitura informou apenas que as aulas remotas vão acontecer até o fim do ano letivo.
- Itaquaquecetuba
A Prefeitura informou que as aulas nas redes municipal, estadual e particular serão retomadas em 2021.
- Mogi das Cruzes
A Prefeitura informou que as aulas presenciais nas redes municipal, estadual e particular estão suspensas até 6 de novembro. As atividades opcionais também não estão autorizadas até a data estipulada pelo decreto.
De acordo com a administração municipal, a medida atende à recomendação da Secretaria Municipal de Saúde e também é resultado da baixa taxa de prevalência da Covid-19 entre alunos e funcionários da rede municipal de ensino verificada na testagem feita nestes públicos, o que representa alta chance de contaminação.
De acordo com a Prefeitura, apenas 4,2% dos alunos e 2,9% dos funcionários tiveram contato com o novo coronavírus. A Prefeitura de Mogi informou que a rede municipal de ensino tem 47.612 alunos em 212 unidades escolares. Segundo a Prefeitura, as aulas presenciais estão suspensas na rede municipal de ensino desde 23 de março.
- Poá
A Prefeitura informou que na cidade as aulas foram suspensas em 17 de março e só vão retornar em 2021. De acordo com a administração municipal, a rede municipal de educação conta com 21 creches, 20 escolas de educação infantil e 27 de ensino fundamental.
- Santa Isabel
Segundo a Prefeitura, as aulas na cidade estão suspensas até o final do ano letivo de 2020. As aulas presenciais na cidade foram suspensas em 23 de março. A administração informou que a rede municipal de Santa Isabel conta com 24 escolas que atendem um total de 5.899 alunos, sendo 3.551 no fundamental I e 2.205 no ensino infantil.
- Suzano
A Prefeitura de Suzano informou que as aulas presenciais estão suspensas até 31 de outubro e que este prazo pode ser prorrogado enquanto perdurar o estado de calamidade pública no município. Segundo a administração municipal, por enquanto não há data prevista para o retorno presencial (nem para as aulas principais ou para as atividades complementares).
Já em relação às instituições de ensino superior, a Prefeitura destaca que o retorno das atividades educacionais ficará a critério das respectivas mantenedoras, observadas as cautelas sanitárias aplicáveis e o disposto na legislação própria.
De acordo com a Prefeitura, para garantir o atendimento aos mais de 26 mil alunos da rede pública municipal, a Secretaria Municipal de Educação investiu em aulas à distância e para os alunos que não têm acesso à internet foi desenvolvido o conteúdo impresso que é entregue a estes estudantes. A Prefeitura destacou que a rede municipal de ensino tem um total 26.546 alunos matriculados em 94 unidades de ensino, sendo 74 unidades municipais e 20 unidades conveniadas. Desses alunos, 14.296 estão na educação infantil, 11.912 alunos no ensino fundamental I e 338 na Educação de Jovens e Adultos (EJA).