Patrick tinha 34 anos e deixou cinco filhos — Foto: Clayton César da Costa/Arquivo Pessoal
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Polícia afirma que o homem tentou atacá-los durante a abordagem e que deram sete tiros para se defender. Família, no entanto, diz que houve excesso e que, mesmo que tivesse reagido, poderia ter sido contido.

Um açougueiro de 34 anos foi morto pela Polícia Militar durante uma abordagem na tarde deste sábado (13) em Itaquaquecetuba.

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Segundo informações da PM, Patrick Roger da Costa tentou atacar os policiais com uma faca ao ser abordado e, por isso, atiraram para se defender.

No entanto, a família do homem nega que ele tenha reagido e diz que, mesmo que isso tivesse acontecido, Patrick poderia ter sido contido sem os disparos.

Questionada sobre o caso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que “todas as circunstâncias são apuradas pela Polícia Civil e também pela PM”.

G1 também solicitou uma posição à Prefeitura, pois a família afirma que o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foi acionado, mas não esteve no local.

De acordo com o boletim de ocorrência, a PM recebeu uma denúncia de que havia um homem armado com um revólver, sentado em uma cadeira, em frente a uma casa no Parque Souza Campos. Os agentes foram até o local e encontraram Patrick na Rua João Paulo.

Os policiais relataram que, ao vê-los se aproximando, o açougueiro teria levantado com uma peixeira e ido para cima dos agentes, que pediram para que ele largasse a faca. Segundo o boletim, como Patrick não obedeceu, os PMs atiraram contra ele na região do abdômen e nas pernas.

O Samu foi acionado, mas não apareceu, afirma a polícia. Por esse motivo, populares colocaram a vítima em um carro e o levaram para o Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba, mas ele já chegou morto.

Também de acordo com a polícia, familiares teriam contado que Patrick estava bebendo desde a noite de sexta-feira (12) por problemas conjugais. Momentos antes da morte, ele teria pegado a faca em casa e colocado na cintura. A mãe disse, conforme o boletim de ocorrência, que ele falou “hoje é tudo ou nada”.

Os disparos foram feitos por dois policiais militares, sendo que um atirou uma vez e outro seis, sem saber quantos tiros atingiram o homem. As armas, duas pistolas calibre .40, foram apreendidas com 10 e 14 cartuchos íntegros.

O boletim diz, ainda, que os policiais “usaram dos meios necessários, agiram em legítima defesa, para repelir injusta e iminente agressão”. A ocorrência foi registrada como excludente de ilicitude, legitima defesa, resistência, homicídio simples e morte decorrente de intervenção policial.

Família contesta a versão

Clayton César da Costa, irmão de Patrick, contesta a versão da polícia. Ele confirma que o irmão estava sentado na frente de casa bebendo whisky com uma faca no colo, pois costumava andar com o objeto, mas nega que ele tenha oferecido risco para alguém.


“Ele estava com uma faca no colo. Faca que ele sempre utiliza, ele sai com ela. Não estou falando que é o correto, mas ele é açougueiro e tem essa mania feia. Ele estava meio ‘disturbado’, porque passou a noite bebendo e tava magoado, chateado, com algumas coisas na vida”, relata.

Segundo Clayton, que não estava no local no momento da morte, mas acompanhou o depoimento das testemunhas, a vítima entrou em casa, cumprimentou a mãe e saiu. Pouco tempo depois, os disparos foram ouvidos.

No boletim, os policiais dizem que Patrick se levantou com a faca e foi para cima deles, que atiraram. Porém, o irmão diz que o açougueiro sofreu os disparos ainda sentado na cadeira.

“Ele estava caído ao lado da cadeira. Os policiais, com certeza, tomaram uma distância para efetuar esses disparos. Se ele tivesse levantado para poder agredir os policiais, ele estaria caído na rua, teria andado pelo menos um metro”, destaca.

“Conforme ele estava na cadeira, do lado da cadeira ele caiu. Segundo as testemunhas, a polícia chegou, dispararam tiro de cima da moto e o restante foi quando desceram da moto. Os próprios policiais falaram que um deu o tiro e outro deu seis tiros. Sem necessidade”, completa.

Patrick tinha cinco filhos, estava trabalhando e, segundo o irmão, ainda recebia o seguro-desemprego de um trabalho recente. Para Clayton, houve excesso da polícia, pois mesmo que o o açougueiro tivesse tentado atacá-los, poderia ter sido contido sem que fosse morto.

“Do nosso ponto de vista, foi visivelmente má preparação dos policiais. Se dois policiais armado com duas .40, cassetete, não conseguir conter uma pessoa bêbada com uma faca na mão… Suponhamos que ele tivesse reagido ainda. Não era necessário tal violência”, completa.

O caso foi encaminhado Setor de Homicídios de Mogi das Cruzes. O local foi periciado e o corpo de Patrick passou por exame necroscópico. O velório deve ocorrer na noite deste domingo (14), em Poá. O enterro será na segunda (15), no Cemitério Municipal de Itaquaquecetuba.

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