Dois corpos estão no Instituto Médico Legal de Mogi, onde passam por exame de DNA, enquanto os outros dois foram encaminhados ao IML da capital, para serem analisados pelo setor de antropologia. Polícia acredita em “tribunal do crime”.
A identificação de quatro dos sete corpos encontrados em uma área do “tribunal do crime” em Mogi das Cruzes (SP) pode demorar meses devido à necessidade de fazer teste de DNA, segundo informou o Instituto Médico Legal (IML) da cidade. Os outros três foram identificados nesta segunda-feira (23), por meio das impressões digitais.
Os corpos foram encontrados no domingo (22) por agentes da Guarda Civil Municipal que patrulhavam a área de mata, no bairro do Botujuru. No local havia ainda ferramentas como pá, enxada e foice. A polícia acredita que as vítimas foram mortas com golpes de enxada em um “tribunal do crime”. O termo do linguajar policial é usado para nomear julgamentos clandestinos realizados por membros de facções criminosas.
Inicialmente, todos os corpos foram encaminhados ao IML de Mogi. Três deles estavam em condições de serem identificados pelas impressões digitais. Outros dois foram encaminhados ao IML da capital, onde passarão por análise do setor de antropologia.
Em relação aos outros dois corpos que permanecem no IML de Mogi, o legista e diretor da unidade, Zeno Morrone, informou que também deverão passar por exame de DNA para chegar à identificação.
“Nós colhemos hoje de manhã o DNA de um parente, de supostamente um caso, e o outro caso mandamos agora para a delegacia, para o delegado fazer a requisição de DNA. Então esses dois vão ser enterrados como indigentes, depois o DNA demora cerca de três meses para vir, e a gente chama a família para esclarecer se é ou não parente dele. Os dois que foram para São Paulo vai demorar mais tempo, mas eles também vão fazer DNA. Depois, se tiver parente suspeito, existe a confrontação”, detalhou.
Investigação
O delegado Rubens José Angelo, titular do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Mogi, disse que o primeiro passo da investigação é a identificação dos mortos. A partir daí, a polícia busca a autoria do crime. Os parentes das vítimas identificadas também começaram a ser ouvidos, a fim de coletar provas.
Angelo acredita ainda que o caso do último fim de semana pode ter relação com três corpos encontrados enterrados em valas em duas ocasiões diferentes na cidade, porque o “modus operandi” é parecido.
O primeiro caso, em setembro de 2019, a vítima era o motoboy Bruno Nunes de Souza, de 30 anos, encontrado em uma vala em Jundiapeba. Um segundo motoboy, que também havia desaparecido na época, ainda não foi encontrado.
Já o segundo caso foi o de dois corpos encontrados em setembro de 2020 em uma vala também em Jundiapeba com as mesmas características de execução. As vítimas no caso eram Gabriel Silva da Conceição, de 23 anos, e a companheira dele, Juliana Cristina dos Santos, de 24 anos.
“Agora nós temos esse outro caso, também desse mesmo modus operandi, com essa mesma semelhança. Nós acreditamos que seja o mesmo grupo, a mesma célula. Eles têm conexão, ligações nesses casos”, concluiu o delegado.