Caio Juan Gonçalves de Melo foi condenado a 30 anos de reclusão, mesmo período que o réu Caio Jorge Marques recebeu de sentença. Outros três jovens foram confundidos com assaltantes por guarda municipal e baleados; dois deles morreram, mas julgamento de guarda ainda não ocorreu.
O Tribunal de Justiça condenou Caio Juan Gonçalves de Melo a 30 anos de reclusão, pelo crime de latrocínio. Ele é acusado de participar, ao lado de Caio Jorge Marques, do assalto a uma moto que terminou com a morte da enfermeira Roberta Maria de Franca, de 35 anos, em um posto de combustíveis na Rodovia Ayrton Senna, em Itaquaquecetuba.
Outros três jovens foram confundidos com assaltantes e baleados. Dois deles morreram, mas julgamento o guarda municipal que fez estes disparos ainda não foi julgado.
O caso aconteceu em 12 de outubro de 2019. Na ocasião, dois guardas municipais de Itapecerica da Serra voltavam da cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba, quando, segundo as investigações, foram abordados pelos dois acusados: Caio Jorge Marques e Caio Juan Gonçalves de Melo.
Ainda de acordo com a investigação policial, houve troca de tiros entre os guardas municipais e os assaltantes, e um deles teria atirado na enfermeira, que morreu ainda no local.
Além da condenação de Caio Juan nesta quarta-feira (7), em 16 de setembro deste ano, Caio Jorge também recebeu a mesma pena de 30 anos de reclusão por latrocínio. “Por ser hediondo o crime praticado pelo réu (artigo 1º inciso II da Lei 8.072/90) o regime inicial de cumprimento de pena deverá ser o fechado (artigo 2º, § 1º da Lei 8.072/90)”, constou nas decisões contra os dois.
A defesa dos dois foi realizada por defensores públicos do estado. O G1 solicitou uma posição ao órgão e espera resposta.
Ambulantes inocentes
Durante a troca de tiros, segundo depoimento dos guardas municipais à polícia, eles pensaram que os três ambulantes que estavam em uma carro ao lado do local também participavam do assalto. De acordo com a polícia, o guarda municipal Adriano Borges Rodrigues, então, atirou no carro deles.
No veículo estavam Rodinei Alves dos Reis, de 33 anos; Bruno Nascimento Souza, de 32 anos; e Kaue Oliveira Francisco, de 21 anos. Rodinei e Bruno morreram na ação. Kauê também se feriu, chegou a ser presos, mas depois da divulgação de imagens do circuito do posto de combustíveis, ele foi solto.
De acordo com o Ministério Público, Adriano Borges Rodrigues foi denunciado pelo Ministério Público por dois homicídios qualificados pelo recurso que dificultou a defesa das vítimas (vítimas Bruno e Rodinei), por uma tentativa de homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima (vítima Kaue), além de lesão corporal e abuso de autoridade contra a vítima Kaue.
O advogado José Soares da Costa Neto, que defende Adriano, enviou nota afirmando que: “É preciso contextualizar o fato, observá-lo de forma abrangente e despojada de paixões. A tragédia se iniciou por causa de dois jovens que resolveram roubar uma motocicleta de um agente de segurança. O que se viu, em seguida, foi uma sequência de tristes coincidências, ocasionando não só a morte de Rodinei e Bruno, além dos ferimentos em Kauê, mas também a morte de Roberta, companheira de Emanuel, e Denise, esposa de Adriano, por pouco não teve o mesmo destino”.
A nota continua: “Também não nos esqueçamos do risco enfrentado pelos dois guardas civis, em defesa da Lei e da ordem. A dor é imensa e se estende a todos os protagonistas naquele triste 12 de Outubro, onde, retornando de Aparecida, graças à abordagem dos dois meliantes, vidas se perderam. Adriano lamenta profundamente pelas vítimas e reafirma que agiu em defesa de sua vida e dos demais. Já Emanuel Formagio ressalta, o primeiro disparo partiu dos ladrões, provocando a pronta reação dos agentes da Lei.”