Cesta básica ficou mais cara entre os meses de agosto e setembro. Expectativa é de que o aumento da demanda derrube os preços nos próximos meses.
Quem está acostumado a fazer compras e precisa levar para casa produtos básicos, como arroz, feijão e óleo de soja, já sentiu a variação nos preços. O cenário, que preocupa consumidores de todo o Brasil, não é diferente no Alto Tietê. No entanto, para os economistas, a volta do consumidor aos supermercados aumenta a demanda e deve derrubar os valores nos próximos meses.
“Passei aqui para pegar umas coisinhas. Realmente, está feia a coisa. Está complicado. Um achocolatado que eu comprava para o meu filho, era R$ 8 mês passado. Fui olhar agora e está R$ 12. Fiquei bem assustada mesmo. Não sei o que vai ser do trabalhador. Vai trabalhar só para comer mesmo”, comenta a assistente de logística Fabiana Barbosa.
“Eu faço uma pesquisa em vários supermercados. Onde eu acho oferta eu levo. Eu sei que é difícil, questão de mobilidade e tudo mais, não dá tempo da gente ir a vários supermercados ao mesmo tempo. Mas, quando é possível, não levo o produto. Há necessidade? Precisa levar? Eu levo só o necessário”, diz a dona de casa Dorothy Monteiro.
Até o mês de julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta geral de 2,31%. Só que, neste mesmo período, o setor de alimentação e de bebidas já subiu 7,61%.
“No início da pandemia até o mês de abril, maio, os preços cresceram, mas cresceram um nível muito pequeno. Tivemos os menores índices de inflação da história da economia brasileira em tempos recentes. Naturalmente, com a reação da demanda, com o pessoal voltando a comprar, as atitudes também de política econômica, como a redução da taxa de juros, isso vai estimular a procura, vai estimular as pessoas a voltarem aos mercados e tentar manter, pelo menos, seu padrão de consumo”, avalia o economista Luiz Edmundo Oliveira de Morais.
“Ao fazer isso, vão encontrar na indústria uma oferta desmotivada pelos meses anteriores. Então, o que está acontecendo nesse mês, nós esperamos que seja um sinal de que a demanda está aumentando para as empresas retomarem a oferta e, no mês que vem, se Deus quiser e tudo correr bem, nós veremos uma reação da oferta, atendendo a esse aumento da demanda, estabilizando os preços”, diz.
As associações de supermercados apontam que o aumento nos itens da cesta básica supera 20% em 12 meses. O setor está negociando com o governo para solucionar o problema e busca alternativas, como, por exemplo, a retirada das tarifas de importação de produtos.
Segundo a Associação Paulista de Supermercados, o grupo de produtos formado por arroz, farinha de trigo, açúcar refinado, açúcar cristal, frango em pedaços, carne bovina, suína e óleo de soja acumula alta de 28,98% no atacado até agosto, num período de 12 meses. Já para o consumidor essa mesma cesta subiu 23,8%.
“A gente já chega com um preço novo. Ele está virando o preço diariamente, praticamente. Quem acompanha o mercado sabe que está oscilando todo dia e para cima. Quando a gente repõe o nosso estoque, nós temos que repassar. Nós temos um custo operacional que não é baixo, é alto, e nós temos que repassar. Não queremos penalizar o cliente, mas tempos que repassar. Não queremos absorver esse aumento para o mercado”, comenta o gerente de compras Luciano de Araújo.
A saída para o consumidor é pesquisar bastante e torcer pela estabilização dos preços. “A gente não pode ficar sem comer, então a gente vai trocando. Vai vendo o que dá para substituir”, declara a dona de casa Selma Maria Correia.