Segundo moradores, moradores de outros bairros vão ao local para descartar materiais inservíveis. Eles acreditam que uma empresa contratada pela Prefeitura também seja responsável pelo problema.
A Polícia Ambiental de Itaquaquecetuba vai investigar o descarte irregular de lixo e entulho no Jardim Monte Belo. De acordo com os moradores, pessoas de outros bairros vão até o local só para jogar a sujeira e, agora, as ruas parecem um lixão. Há também quem denuncie que a Prefeitura, além de não fiscalizar, é uma das responsáveis pelo problema.
O caso foi mostrado pelo Diário TV na quarta-feira (8) e chamou a atenção do delegado do meio ambiente Francisco Del Poente. Ele explica que iniciou uma investigação e que equipes da polícia técnica estiveram no local nesta quinta-feira (9) para uma perícia.
“É um entulho de construção civil, resíduos sólidos, que estão descartados de maneira clandestina e oportunista. Parece que o informante tem alguns elementos para disponibilizar, como imagens, chaves de veículos. A partir daí há todo um processo de fiscalização para chegar a esse proprietário, ou esses proprietários, saber se tem ligação com algum órgão oficial”, comenta o delegado.
Del Poente também comenta a suspeita dos moradores, que acreditam que uma empresa contratada pela Prefeitura para o descarte desses materiais seja uma das responsáveis pela irregularidade.
“Ela pode responder pelo crime de detenção, multa, reparação do dano ambiental, uma vez confirmado. Tirar todo esse entulho daqui. Verifico também que no curso da via paralela aqui, rua pública, também há presença de lixo doméstico, também causando poluição. Essas pessoas, se surpreendidas, também podem se responsabilizar”.
“Se, eventualmente, for confirmado que um prestador de serviço para a Prefeitura está cometendo isso, a Prefeitura vai penalizar esse infrator. Ao que parece está havendo um desvio de finalidade. Também serão convidados a dar suas explicações”, completa.
Descarte irregular
A Rua Jacareí mais parece um lixão. Além do entulho, o local está repleto de lixo espalhado por onde era pra ser uma calçada. Até vaso sanitário e móveis velhos estão no local. A sujeira atrai pragas e incomoda moradores.
O aposentado Manoel José Oliveira fica preocupado com a situação. Ele conta que até limpa as proximidades da casa dele e se esforça para conscientizar as pessoas, mas sabe que a culpa de parte desse problema é da própria população.
“Vem de longe jogar lixo aí. Descobriram onde que descarta. Tem lixo demais jogado, entulho aí para dentro, jogado. Eles não tomam providencia desse negócio aí também. Já virou ponto de descarte das coisas. Joga cachorro morto, gato morto. Tudo que morreu joga”, reclama o morador.
Como se não bastasse todo esse problema, a situação consegue ficar ainda pior dentro de uma fábrica desativada. Segundo os moradores, faz pelo menos quatro meses que uma empresa contratada pela Prefeitura está despejando entulho nesse local.
Um vídeo gravado pelo morador e representante de bairro Edimar Cândido de Lima mostra o momento em que um caminhão chega ao espaço, dentro de uma fábrica, e deposita os materiais.
“Eu conversei com o motorista. Não gravei ele, porque é um pai de família, a gente respeita o pai de família que está levando o sustento, mas ele falou ‘recebo ordem, cara, não posso fazer nada’. Foi onde ele veio fazer o descarte aqui dentro. Esse entulho vem das proximidades, dos bairros Emanuel Feio, Vila Bartitra. Resolve o problema lá e deixa outro problema aqui”, diz.
Para ele, a Prefeitura deveria fiscalizar e dar um bom exemplo aos moradores.
“No momento que a Prefeitura joga você abre precedente para outras pessoas jogarem. Inclusive, já vi pessoas jogando. Eles falam ‘se a Prefeitura joga, por que não posso jogar?’. A gente procura lá o secretário, não é atendido. A gente vai falar, eles falam que a gente é oposição, que a gente vende dificuldade para facilidade. Não tem o que mostrar dificuldade. A dificuldade está aqui. Eles mesmos vem aqui e fazem o descarte irregular”.
Para os moradores, apenas limpar não adianta. Alguns acreditam que só com multa as pessoas vão deixar de fazer descarte irregular nesse ponto da Rua Jacareí, como afirma Manoel.
“Devia fazer um muro, sei lá. Mas nem fazendo o muro. Eles iam jogar dentro do muro. Multar, no caso. Se tivesse câmeras para multar, aí resolvia”.