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Doria cancela R$ 10 milhões em investimentos previstos para o Alto Tietê

Em cinco dias de mandato, o governador João Doria (PSDB) cancelou R$ 10 milhões em investimentos previstos para o Alto Tietê. Na região, Arujá perdeu R$ 2 milhões, Itaquaquecetuba R$ 4 milhões e Poá R$ 4 milhões. A decisão atinge um volume de R$ 143 milhões em 58 convênios assinados nos últimos dez dias de governo de Márcio França (PSB).

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As três cidades da região receberiam recursos para obras de infraestrutura urbana. Todas foram procuradas pelo jornal, no sentido de responderem se vão recorrer da decisão de Doria e de detalharem quais investimentos estavam previstos com tais recursos.

O prefeito de Arujá, José Luiz Monteiro (MDB), declarou que entende a medida como um ato de governo e não recorrerá. “[Analiso a situação] com naturalidade, considerando que o governo é recém-empossado e está reavaliando convênios e contratos, medida que também a Prefeitura de Arujá adotou no início da atual gestão.” Os R$ 2 milhões seriam aplicados em “melhoria asfáltica de parte da região central”, informou a assessoria de imprensa do prefeito.

Já o prefeito de Poá, Gian Lopes (PR), diz que vai recorrer ao Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê), cuja presidência segue nas mãos de Rodrigo Ashiuchi (PR), um dos maiores defensores da reeleição de Márcio França. “O objetivo é trabalhar em conjunto com outras cidades para que o município volte a contar com o convênio”, informou Gian, acrescentando que “os recursos serão destinados para pavimentações de ruas no Kemel e Calmon Viana”.

O prefeito de Itaquá, Mamoru Nakashima (sem partido) – que foi expulso do PSDB justamente por não ter apoiado Doria na campanha – vê a perda de R$ 4 milhões de forma tranquila: “A Prefeitura de Itaquaquecetuba informa que não há como recorrer desta decisão e que o dinheiro ainda não estava em caixa, mas ele seria utilizado para o recapeamento de um trecho da Estrada de Santa Isabel. Para o prefeito Dr. Mamoru Nakashima essa é uma decisão natural de qualquer governante quando assume o cargo, verificar os gastos futuros e definir dentro dos critérios estabelecidos o que realmente será liberado ou não.”

JOGO POLÍTICO – Ao jornal Folha de S. Paulo, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, alegou que não há escolhas políticas no cancelamento dos convênios. “Os projetos não têm detalhes sobre quais serão as fontes de receita e não cumpriram os requisitos técnicos comuns, sem plano de trabalho, para a assinatura de convênios com esses objetos”, declarou o secretário estadual.


No entanto, os prefeitos de Arujá, Itaquá e Poá apoiaram Márcio França durante toda a disputa pelo Governo do Estado, sendo que o candidato à reeleição chegou a ganhar de Doria em Itaquá e Poá no segundo turno.

Outras cidades do Estado cujos prefeitos apoiaram França também foram ‘penalizadas’, como é o caso de Guarulhos, que perdeu R$ 20 milhões e cujo prefeito Gustavo Costa (PSB), o Guti, é do mesmo partido do ex-governador.

REPRESENTATIVIDADE – Municípios prejudicados pela decisão da gestão Doria têm recorrido aos deputados estaduais que representam a região. No Alto Tietê, o parlamentar mais próximo da base governista é Estevam Galvão (DEM), correligionário do vice-governador Rodrigo Garcia.

De acordo com a assessoria de imprensa de Estevam, o democrata inclusive já esteve com Garcia e Vinholi no segundo dia de expediente para “debater as primeiras ações e investimentos para Suzano e região.”

O deputado estadual Estevam Galvão em audiência com o secretário Marco Vinholi

Segundo o texto, “o deputado conversou também com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, responsável pelo direcionamento de recursos para os municípios paulistas.” “O Vinholi está ciente dos nossos pedidos e compromissos do governador com a região. Vamos trabalhar juntos para concretizar”, declarou Estevam através de sua assessoria.

O deputado estadual foi questionado se recebeu informações sobre o cancelamento dos convênios na reunião que teve com Garcia e Vinholi – o que ocorreu antes da publicação do cancelamento dos contratos. Estevam também foi questionado se pretende conversar com membros do governo estadual no sentido de reverter a decisão. O jornal aguarda retorno do parlamentar.

Por Lailson Nascimento / Fotos: Divulgação

Gazeta Regional

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